terça-feira, 6 de novembro de 2012

O QUE SE PODE E DEVE REPETIR

Diz-se por aí que, durante as discussões, muito do que se diz torna-se perigoso porque ofende, mal trata, retrata o que verdadeiramente não aconteceu e o outro entende o que foi dito como aquilo que nunca gostaria de ter ouvido. É que não há tempo, antes de se dizer, de ouvir os toques de sons do coração que falam de fato o que sentem, retratando os sentimentos verdadeiros, fazendo um balanço sincero, propagando os cantos da alma, sentindo o que a alma enlaça.
Agora, torna-se simplesmente ofensa quando era uma linda declaração de amor.
Os casais deixam de lado dizer as coisas belas e o outro deixa de ouvir, mas nunca esquecem como eram gratificantes aquelas mensagens, muitas vezes ditas num só olhar e como gostariam que aquelas cenas pudessem se repetir.
É assim que o passado pode e deve estar presente: como uma linda aula – inesquecível lição de casa.
Helyete Santos

helyetesantos@hotmail.com
www.helyeteentremulheres.blogspot.com

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O AMOR ADMIRA





É. É possível e linda a declaração de um ator que, diante da beleza de sua companheira, comoveu-se a ponto de chorar. Eis a magnitude do amor sincero que diz o que sente a todos os cantos do Universo, a todos os que sabem ouvir e novamente chora.


A admiração faz parte do amor presente, que se modifica e se estende em outras formas e não se contém porque continua a existir.


Acredito que esta seja a mais verdadeira medida do amor: admirar o outro sempre e demonstrar os seus sentimentos sem restrições para que ele receba e sinta. É a força do homem que vale ternura, aconchego, olhares com brilhos, falas verdadeiras, sinceras, entregas inteiras.


A declaração de Mauricio Benício pela beleza de sua companheira, Débora Falabella ( Marília Gabriela Entrevista – GNT – no Domingo, dia 28pp ) também me fez chorar. 
 
Helyete Santos
helyetesantos@hotmail.com

domingo, 28 de outubro de 2012

O MOMENTO DO DEPOIS





 O tempo é calado e, quando fala, nem sempre a gente entende o que ele diz.
A gente mostra a ele o que quis, o que quer, o que fez e o que ainda é capaz de fazer. São verdades das quais só nós somos capazes de saber. Sem enganos profundos que mudam caminhos.
Todos nós colocamos na tela da vida traços conscientes, coloridos e iluminados, feitos com nosso prazer, ideias e ideais compostos pela nossa magia. E é assim que passamos a observá-los: ali, parados, como se nada mais tivéssemos para fazer.
De repente, sofremos um susto ao observarmos que o tom amarelo poderia ser mais brando, ou o vermelho mais dourado.
Por que não vimos antes se eles estavam onde estão agora? Foi só por nos acomodarmos com a beleza e não querermos nos deparar com a verdade que lá permaneceu.
A hora de mudar é só a hora de continuar a viver. Olhar e fazer novos traços em cores e tons iluminados.
São novas flores cantando pelo amanhecer, novos espetáculos para aceitar novas visões. E aceitar que esta é a transformação e que o outro também se transforma como todos os outros, sem deixar pra depois.
O depois é o instante do agora.

HELYETE SANTOS
helyetesantos@hotmail.com


 

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

REMIÇÃO DOS PECADOS


De volta ao passado encontrei-me com muitos pecados que pensei não existirem mais no baú das penitências, mas resolvi chamá-los um a um e apresentei-me a eles como oficial pecadora.


Uma vez lado a lado, coloquei-me de pronto para assumir o ato e queimar seu perfume, quebrar suas asas, deletar suas lembranças, usar seu espaço para novos carinhos e companhias.


Acredito que o tempo nos deixa grandes espaçospara resolvermos essas questões. E, quando a coragem nos mostra o acervo dessas dores guardadas, é hora de mostrá-las a nós, que fingimos desconhecê-las e transformá-las em aprendizados.


Mais do que tudo, é preciso contar ao outro ( o ofendido) o que fizemos ou pensamos dele para essa transformação se operar numa sinfonia angelical. Provavelmente, ouviremos verdades significativas para rompermos de vez com o passado triste, deixarmos as vergonhas do que fizemos e projetarmos novos atos.


Afinal, o baú continuará lá, mas se puder permanecer desocupado, mesmo que seja por alguns minutos, abateremos nossas dívidas com juros menores e grandes cotas de alívio.

Helyete Santos
helyetesantos@hotmail.com

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

DESPERTANDO PARA A VIDA


Acredito nos fatos que nos envolvem com pessoas estranhas e que, de repente, tornam-se nossos amigos ou simples passageiros de momentos e despertam em nós aquilo que ainda estava escondido, que desconhecíamos ter e ser. E nos sentimos despertando para a Vida.

AS ROSAS CANTAM

As rosas cantam
Tudo o que parece inacreditável pode acontecer na vida de uma mulher. Não sei se por receber um legado de sonhos e
acontecimentos concebidos em um lindo jardim, se mostra
sensível e quer transmitir o carinho junto a cada moment
de amor.
Pelos caminhos, mesmo sendo os mais áridos, desperta a voz sonora para dizer que ama a quem sente que ama. E pobres são aquelas que não deixaram ...
seus lábios se movimentarem diante da ternura.
Conquistas de temas profissionais tem sido a preferencia daquelas mulheres que não sabem sonhar belos sonhos, não vivem como as rosas e sem ouvi-las cantar é deixar a maravilha de querer simplesmente viver seus dias que poderiam iniciar com o vislumbre das conquistas e terminarão em lágrimas, simplesmente vulgares.

Helyete Santos
helyetesantos@hotmail.com

sábado, 1 de setembro de 2012

A GENTE SE ACOSTUMA





É o que acontece na maioria das vezes. A gente se adapta à janela fechada porque o trilho quebra, à chave sem chaveiro, ao salto do sapato ralado, às conversas sem graça da nova equipe de trabalho, ao toque do celular estranho que parece ser do outro que passa por nós,mas não é, aos personagens da televisão que não se dirigem a mim com exclusividade, à roupa de cama surrada, ao espelho que não mostra mais o que eu queria ver.A gente se acostuma a tantas e tantas coisas que, quando se dá conta, vive um tempo que é outro daquele que um dia se tentou viver.São resultados dos testes que nos aprovam só para dizer que ainda somos capazes de mais alguma coisa. Na realidade, gostaríamos de jogar tudo para o alto e gritar a todos, mesmo para aqueles que não querem ouvir, que vamos mudar para, pelo menos, nos darmos a chance de derramar uma lágrima, soluçar e vivenciar um só momento de gratidão ao Universo e por conhecermos um pouco de nós e reconhecermos o que queremos de nós.
 
HELYETE SANTOS

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

DESCALÇAS PELO CAMINHO

 
Aprecio as mulheres que se olham no espelho e se gostam, se mostram contentes com o que veem, imaginam reflexos nos cabelos e unhas pintadas diante das mãos sem anéis e traçam magníficos vestidos torneando seus corpos e caminham descalças pelos caminhos do encontro.
É esta vontade imensa de ser vista e notada que faz a alegria transbordar na mulher. Aí sim, um encontro amplia o espelho e os detalhes, antes não percebidos, transformam-se em grandes projetos para alcançar. Marcam esse momento. E o sorriso inunda o caminho. Seja adornada de grandes brilhantes, ou véus coloridos de singeleza.
 
HELYETE SANTOS

terça-feira, 28 de agosto de 2012

SE ASSIM TIVESSE SIDO

Se assim tivesse sido, hoje seria um dia diferente daquele que planejei. Tudo que é tão óbvio muitas vezes passa a não ter sobriedade diante dos fatos tão perto de nós porque, como protagonistas da nossa história, esquecemos de rever e modificar para, num momento seguinte, deixar de lastimar e viver com nossas potencialidades.
Se assim tivesse sido passa a ser: é como é. E basta.


 HELYETE SANTOS

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

SE TIVESSE SIDO





Pensando bem, não sei hoje o que poderia ter sido, porque a gente acha que reverter situações é fácil, mas não nos comprometemos com a realidade que transforma valores e seduz para novas conquistas.
Assim, o vento que batia nas folhas das árvores há segundos atrás, transformava os desenhos refletidos nas calçadas e o meu posicionamento fazia meus olhos se inebriarem com tantas mudanças.
A paisagem que se altera talvez não seja a mesma ao casal de mãos dadas. Ele chegou numa cadeira de rodas e ela empurrando-o, sorriu-lhe mais uma vez e ajudou-o a passar para um banco de cimento. Ajeitou-o com carinho sobre uma almofada preta.
Talvez tenham perdido a cena que eu via, mas ganharam o cenário constante de quem se diz companheiro e amante de novas conquistas.
HELYETE SANTOS

sábado, 11 de agosto de 2012

HOMENS X PAIS

Independente do que fazemos hoje ou do que já fizemos um dia, muitas vezes sozinhas, e demos conta, pelo menos aparentemente, sabemos que não fomos completas como gostaríamos de ter sido.
Se Deus aplicou à criação o homem e a mulher, é porque eles são importantíssimos na evolução de seus filhos. Mas não é assim que acontece com as famílias, atualmente.
Fazemos o papel do outro e sabemos que não conseguimos substituir perfeitamente o que não é próprio de nós. Não adianta ficarmos filosofando, porque como filhos, por mais que a nossa mãe tentasse fazer as vezes de nosso pai, e tenha méritos incalculáveis por isso, a falta desse homem em nossa vida é sempre sentida.
Lembro do meu pai sentado à beira de sua cama, conversando comigo sobre coisas que hoje não sei descrever, mas me deram a força e a coragem para saber discernir o bem, do mal e formar valores que trouxeram, ao meu caminho, a luz de viver para o bem.
Se eu pudesse, ainda pediria seu colo e o envolveria em abraços, com laços coloridos da mais perfeita seda. Suave para entrelaçar nossos caminhos, à luz do mais perfeito instrumento que posso ser: a paz.
Só posso, então, agradecer à bênção que tive e desejar a todos os homens – pais que cumpram a missão de educadores, assim presentes em seus lares, confiantes em suas propostas, amigos de seus bebês e dos homens adultos que um dia serão e sempre precisarão de seus conselhos e de seus ombros amigos.
E nós, mulheres, aplaudimos vocês, pais, que fizeram dos seus limites a taça da verdade entregue ao bem; complementaram nossas dúvidas e engrandeceram a vida de seus filhos com sabedoria; erraram e acertaram seus atos como todos aqueles que fazem o que julgam que devem fazer e transbordaram a vida de seus filhos de amor.
Fica o espaço unido em elos inseparáveis de amor e gratidão para aquele que nunca será esquecido, passe o tempo que passar. Esteja aonde estiver.
HELYETE SANTOS

domingo, 5 de agosto de 2012

É PROIBIDO

O que está proibido é o que não se pode fazer e, logicamente, nem pensar. Mas pensar fica distante, assim fechado numa caixa intransponível e todos nós podemos fazer nossas conjeturas, mesmo que sejam as mais patéticas e dispensarmos nosso tempo sem darmos satisfações a ninguém.
E a paixão? Dizem que não é o melhor sistema para deixar que se manifeste por aí, mas ela dá o brilho nos olhos e cria pensamentos até proibidos e insensatos. E daí, quem pode mudar isso? Não é proibido se apaixonar por alguém, mesmo considerando impossível, irreal, maluco e ela, a referida paixão, dá e trás a expectativa de mudar o percurso todo só para a gente ser feliz de novo. Sim, porque um dia já fomos felizes, nem que tenha sido só durante o primeiro choro para anunciar: “papai e mamãe, estou aqui”.
Com ou sem proibição, a voz da consciência grita que, sem paixão, não há tesão. E, sem tesão, não há solução...pra nada.

HELYETE SANTOS

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O LEITE DERRAMADO


Se o leite sujou o fogão, se o arroz grudou na panela, se o traço do olho ficou muito espesso ou até se aquela blusa vermelha não serve mais, não adianta chorar. É melhor atentar para o que se deixou de fazer ou para o que se fez em excesso e partir para o equilíbrio.
Deixar de tentar tem todo o seu mérito quando a gente tem certeza de que o outro já está saturado de tanto ver você tentar e já disse, com falas expressas ou olhares de água morna, que não aguenta mais você por perto.
E a sua dignidade? Vai tentar contra ela também? O tempo acabou e o espaço está ocupado com outro roteiro.
Agora é hora de limpar o fogão e reivindicar de você a própria coerência nos próximos atos. Pode ser que outros leites se derramem, mas você já teve a oportunidade de colocar outro pra ferver. E, nesse período, deu também para aprender o que não se deve fazer para que não aconteça novamente e as lágrimas tenham que rolar.
HELYETE SANTOS

domingo, 29 de julho de 2012

SE EU PUDESSE

Parece que a luz deste sol magnífico que brilha lá fora se estende por todo o planeta, mesmo nos extremos onde a noite se faz presente. É assim que sinto seu silêncio penetrar em meu ser e dizer da força que preciso para viver este instante.
Diante dos amigos, ajoelho-me em prece, dou minhas mãos nas suas e me entrelaço com seus corações na gratidão de tê-los em sintonia.
E, se eu pudesse, transmutaria todas as suas angústias na luz sábia que esbanja calor e ilumina a sabedoria de viver.
E, mais do que tudo, estariam os casais de mãos dadas, sorrindo um para o outro na emoção de terem se encontrado. E todos os anjos poderiam descansar: missão cumprida!
HELYETE SANTOS

sábado, 28 de julho de 2012

ATENTO AO AMOR


“De tudo ao meu amor serei atento...” Vinicius de Moraes

Faz-se tanto para conquistar o amor e de repente a gente esquece de perpetuá-lo bem dentro do próprio amor a serenidade que ele impõe, uma vez que já é conquista. O amado precisa da força do abraço, do olhar de admiração, da verdade, da aceitação dos erros, dos aplausos nos acertos.
E aí, quando nos perdemos por entre as ruas e calçadas frias, sem mãos quentes para entrelaçar, fica o desespero do ontem, do que poderia ter sido feito e não se fez.
Mais do que dizer a todos que temos um amor, é preciso estarmos atentos a ele em suas carências e sonhos. Compartilhar com ele seus momentos faz da vida um grande momento, faz do amor um chamado para transmutar o que se pode engrandecer.
E fica, nas palavras de um grande poeta, a sabedoria, mensagem da eterna conquista.
HELYETE SANTOS

quinta-feira, 26 de julho de 2012

DEFINIÇÃO DA PALAVRA AMOR

            
Quando se quer definir o amor, a gente fica num emaranhado terrível, porque sente e não sabe bem definir o que é que se sente.
A força interior, neste caso, é maior do que todas as palavras que o dicionário possa explicar.
Mas acredito que o importante seja exatamente esta força maior que explode no corpo e avassala a mente, modifica o olhar, faz a pele remoçar, acaricia as paredes, reluz os cristais, limpa com água benta todos os poros e se mostra envolto de muito respeito, ternura, afeto e equilíbrio.
E, se a gente sente, tem mais é que viver intensamente esse momento que a Vida nos proporciona e pedir aos anjos e arcanjos a verdadeira sintonia entre nós.
Helyete Santos

quinta-feira, 19 de julho de 2012

PERDIDOS PELO CAMINHO

Assisti o trecho de um filme que apresentava um grupo de fugitivos sendo massacrado. Um soldado chegou bem perto de umas meninas que, apavorada, pedia para que ele não as matasse e ele lhes perguntou por que haviam corrido se não eram também culpadas e uma delas respondeu que todos haviam corrido e elas correram também, sem saber porquê.
Será também que estamos juntos com a Vida num grupo que corre e não sabe de quem, nem para onde estão correndo? Muito menos porquê? Será que poderíamos parar para discernir o rumo a tomar?
Subir uma escada pode ser bem mais fácil do que escalar uma montanha de gelo, mas bem mais desgastante se nossa decisão for apenas de seguir o “não sei”. Torna-se torturante. Um vazio sem medidas, nem elos, nem chão. Só um vazio.
Sei que somos repletos de bênçãos prontas para se tornarem atitudes. Muitas se tornarão motivo até de orgulho, mas se ainda não sabemos para onde vamos...
Esse rumo é bem mais fácil de reconhecer e seguir se nos prepararmos com fé e coragem e deixarmos para Deus nos levar até onde deverá ser a meta final.
HELYETE SANTOS

sexta-feira, 13 de julho de 2012

MUITO MENOS EU


É fato que muitos relacionamentos se desgastam ao longo do tempo, enquanto outros se renovam e nem se dão conta disso. Erguem-se diante dos problemas, param, refletem, dão as mãos e tomam atitudes compactas e não se atemorizam com o futuro. Vivem e convivem.
Enquanto isso acontece, continuam olhando para a mesma cena e usufruem da mesma energia que é compartilhada numa só sintonia.
Não é para menos que a solidão bate forte ao peito quando juntos estão tão sozinhos. A cena é a mesma, mas não veem as mesmas coisas. Não compactuam os mesmos instantes, nem param diante do grande Universo para se refazerem das dores, nem dos prazeres. Deixam de cantar as alegrias e caminham em seus desejos como aves que migram para horizontes diversos em busca de metas outras.
Junto, então, fica o sofrimento, a angustia, a invalidade de não ser mais como se era antes.
O que foi que aconteceu, talvez naquele momento ninguém saiba ( muito menos eu ) se o amor acabou. Assim como uma chuva que passa e deixa a umidade pelo chão e o sol, com o seu calor e luz, seca e parece que nunca choveu naquele lugar.
O que se sabe é que, enquanto existir um pouquinho desse amor voltado ao outro, ele não terminou porque não acabou. Nem deixará de existir, porque mesmo sufocado, terá a fonte dentro de nós. É bom termos a certeza disso e começarmos a nos exercitar diante da Vida.
HELYETE SANTOS

quinta-feira, 5 de julho de 2012

PERDIDOS COMO ESCOLHA


Quando se perde um batom na bolsa pode ser desconfortante, se não houver uma amiga por perto e tivermos que nos apresentar numa reunião, caso contrário, encontraremos outro e o substituiremos. É fácil. A não ser que queiramos fazer um estardalhaço por uma perda tão insignificante.
Perder talvez seja o resultado de uma escolha não tão feliz, mas teimosa como um anel de marcassita e madrepérola que perdi não sei onde, mas sei que não deveria tê-lo usado, já que estava largo no meu dedo. Toda vez que abro a caixinha onde era guardado sinto sua falta. Ficava lindo no meu dedo,mas outros também ficam.
Perdido ainda fica o almoço com minha amiga porque tinha uma reunião longe do local marcado e na mesma hora; perdi também o beijo que meu filho queria me dar quando a porta do elevador fechou e tive medo que ele se machucasse e eu prendesse minha mão; perdido ficou o sol de um lindo domingo porque resolvi acordar tarde demais.
Ficou tanta coisa perdida na vida que agora só preciso é fazer tantas outras coisas que me bastem dedicação e alegria para que a vida continue e eu não precise mais ficar lembrando o que foi que eu perdi, nem medindo o tamanho das perdas que, na realidade, só escorregaram entre meus dedos porque deixei ou porque assim deveria ser.
Helyete Santos

terça-feira, 3 de julho de 2012

ACABOU




Quando se chora baixinho, quase sem voz para que nenhum ouvido possa ouvir, nem o da gente mesmo, é preciso ouvir o que  alguém diz para nos dar força para agir e reagir diante da dor de saber e entender que acabou. E, mais do que tudo, aceitar.

É desviado o curso de uma cascata que seca aos olhos de todos os que a veem do lado de cá, mas do lado de lá, foi construída uma barreira capaz de desviar seu curso.

Toda aquela magia da força deixa o cenário vazio. Não há mais visual nem sons. Simplesmente, acabou, mas a água continua, assim como o amor dentro da gente.

É assim que os relacionamentos, por estes ou tantos outros motivos terminam. Não há como explicar para uns e, para outros tem, sim, muitos motivos, mas nem por isso voltam a ser como eram antes, se um dia voltarem.

É como a cascata: até pode voltar, mas seu caminho se modificou. Houveram mudanças que hoje não bastarão para se envolverem com a vida presente.

Os relacionamentos que perdem seu curso, causam dores e arremessam tristezas que machucam e ferem. Gostaríamos de recomeçar e refazer tantas atitudes do passado, mas agora só servirão de experiências para outras futuras, se houverem. Ou serão grandes lembranças de tempos vividos com exuberância e glória. Podem não voltar mais, eu sei, mas foram vividos. E se foram intensamente vividos, ainda bem. Fizemos o que pudemos e, pelo menos hoje, temos mais uma história para contar e para lembrar sempre.
HELYETE SANTOS

segunda-feira, 2 de julho de 2012

RECICLAR FAZ PARTE

                
Reciclar é uma das palavras do momento, porque a necessidade do nosso planeta se faz urgente em se reutilizar os materiais usados, transformá-los em outros novos objetos que sejam usados e bem aproveitados pelos homens.
Igualmente, a gente recicla a nossa capacidade intelectual, moral e emocional. Podemos transformar tudo em um novo material interior, capaz de nos sustentar por muito tempo e nos legar muitas descobertas que causarão alegrias infindáveis, se assim quisermos. Tudo só depende de nós, das nossas escolhas, das nossas propostas.
Você envelhece muito rapidamente diante de tudo, mas se aceitar as mudanças como parte de novas conquistas, estará se fortalecendo diante do novo e fazendo parte dele. É assim que a jovialidade permanece na sua vida.
Utilize o tempo para saber mais sobre o que é equilíbrio e fazer com ele tudo de bom e de bem. E assim, recicle o que está pesando demais, difícil de carregar.

HELYETE SANTOS

domingo, 24 de junho de 2012

AMIGAS PARA SEMPRE

Quando você puder dizer que tem amigas para sempre, é sinal de que recebeu um grande presente do Universo. Poderá sentir-se abençoada. Poucas de nós foram acompanhadas por duas amigas, empurrada numa cadeira de rodas, com o pé quebrado, para uma viagem aos EUA e, ainda por cima , com muitas risadas e votos sinceros de uma “Boa Viagem”.
É fato que todas carregam milhões de qualidades, mas se destacam com seus diferenciais. Suas notas especiais e que, por isso, são nossas amigas junto aos nossos diferenciais também. E não apenas conhecidas. Aquelas que pouco se importam com você.
E assim, recebemos, como se estivessem escondidas atrás dos e-mails a presença distante, quando não podemos ser abraçadas de fato e trocamos energias de bênçãos e palavras ao ouvido.
Aquelas que ligam para ouvir a sua voz e sabem, no primeiro “Alô”que você não está como é e que precisa do colo amigo para despejar as aflições do dia e se dispõem a ajudar, procurando soluções que aliviem, mesmo não sendo aquelas que você gostaria de ouvir.
São as que trocam confidências sinceras e, nem para citar como exemplo, contam a outras o que aconteceu com você. São amigas confidentes, capazes de ouvir, entender, trocar e silenciar.
E, quando você está na chamada "pior", deixam suas coisas de lado e vão ajudá-la, dispondo de toda a boa vontade para que você se saia melhor, sem cobrar nada, nem sequer no olhar.
Amigas para sempre se envolvem na sua tristeza, embalam seus conflitos com a energia da coragem e dão todas as gargalhadas possíveis, bem alto, vibrando com o seu sucesso, aplaudindo com ternura a oportunidade de estar ao seu lado no momento do seu sucesso.
Sei que o que importa é o agora, mas também sei que o meu agora só existe porque o que tenho de mais importante são as amigas que posso chamar de minhas. Então, é tudo o que tenho.

HELYETE SANTOS

sábado, 23 de junho de 2012

ESPAÇOS REPLETOS

Parece que a ganancia não se envolve com remorsos. Conquista-se algo que muito se quer, mas no grande momento que se encontra em nossas mãos o referido objeto, que pode ser desde um sapato para a festa até um fogão novo, ou a pessoa com a marca mais desejada do pedaço e do momento, assume-se a hipótese de que só isso não é bem o que se queria, é um pouco e nada mais.
A gente percebe que não recebeu aquilo que precisava, que seria o fundamental, mas apenas o que se quer, que não basta em nenhum momento para nos agradar, ou complementar o nosso espaço desunido e quadrado, com cantos em ângulos disformes, sem chão nem paredes. E aí percebemos que nunca demos o que tínhamos. É como uma despensa atulhada de coisas vazias em espaços repletos e intermináveis .
Está tudo envelhecido porque nada saiu de lá. Nada foi reciclado, não se transformou. Cheira mal. Nada foi doado de coração aberto. Está apenas, nada mais.
A Vida nos dá tudo o que precisamos e precisamos doar tudo o que temos. O que pareceria entulho, que atravanca e enche, será transformado numa fábrica de talentos diversos e lindos, aqueles que não sabíamos, mas estavam encobertos bem dentro de nós, bem à nossa frente, bem. E só.


HELYETE SANTOS
helyetesantos@hotmail.com

sábado, 16 de junho de 2012

QUE SEJAM FELIZES PARA SEMPRE



       
Que tamanho imenso, sem começo nem fim. Tão grande que não cabe na mente de cada um de nós, porque ainda não sabemos definir, dentro do sentir, tudo o que se diz sobre a tal felicidade que todos buscam e colocam no enlace matrimonial para ser desfrutada. Para isso, dizem que até comemorarmos bodas de ouro,pelo menos, deverá ser vivido sem interrupções, nem deslizes. Lógico, é muito.
É então que damos um basta bem rápido e não aproveitamos tanta felicidade desejada, nem tanto sempre assim. Convertemos tudo num bolo com lindas velinhas, entre cremes perfeitos e derretemos na boca o mais suave sabor de ser feliz. Tão lógico como sentimental, quando não sabemos diferenciar a marmelada da goiabada. Fica só tudo muito doce descendo passo a passo em nossa garganta.
Mas nem por isso os desejos deixaram de ser feitos a nosso favor e o Universo os recebeu e está pronto para nos favorecer. Para deixar certo e confirmado de que faz muita coisa por nós.
O coração explode de tanto bem e passamos a querer pular numa escola de samba em vez de dançar a valsa diante dos convidados.
Depois do tempo contado minuto a minuto sem continuar a valsar, deveríamos condensar essa energia toda num frasco emoldurado em laços de vida. E assim, não teríamos nada do que nos arrepender. Ah! Se eu pudesse voltar atrás!
O sempre pode ter durado pouco na contagem do relógio de pulso, mas durou a eternidade que tinha para durar dentro de nós, em nosso frasco precioso. Talvez, com tanto esmero que lhe foi dado, deixamos de perceber que ao lado havia um outro, tão precioso, que poderia alterar com sua energia, toda a felicidade que se chamaria: felizes para o tempo que deveria durar.
Helyete Santos

quinta-feira, 14 de junho de 2012

A VERDADEIRA ORAÇÃO

              
Tenho encontrado por aí muitas pessoas desesperadas com muitos porquês, com muitas razões que são as suas, que talvez não abalem as outras pessoas porque estas estão com as razões mais severas que a vida poderia lhes aplicar.
E assim, um dia você se depara com aquela que, quando resolve se abrir em choros, querendo um colo amigo, simplesmente responde com um tom enfático que a razão dela é muito maior e lhe dá todos os argumentos possíveis, até você começar a chorar por ela e achar que chora por algo que, de fato, não tem tanta importância ou não é tão grave frente ao dela.
Ao chegar em casa vai se sentir refortalecido e agradecer a Deus e, quem sabe, oferecer uma oração àquela que te fez ver que tudo pode mudar e que seu caso não é tão sério. É só o mais importante do mundo.
Mas logo que os minutos passam, sua angústia revela que a calma e a resignação foram apenas temporários. Agora, a quem se voltar?
Se voltarmos no tempo, nos perguntaríamos se um dia fizemos uma oração verdadeira, aquela que fala do fundo de nossa alma para o Universo, diretamente conectado ao Plano Maior. E vamos repetir a dose.
Não será preciso vocabulário específico, nem hora marcada, nem andar pelo lindo jardim da praça olhando o céu azul. Basta ser verdadeiro nas propostas, admitir os erros passados e se propor a mudanças. Aliás, ser verdadeiro é o maior obstáculo. Somos muito refratários a ele.
Parece que não crescemos, que somos incapazes, pequenos demais diante de tantas loucuras e tão grandes. Todos esses questionamentos esperam uma resposta para serem resolvidos. E ela virá. Pode ser que não consigamos entendê-la no momento, porque a voz que nos fala é sonora demais e nossos ouvidos não a definem com facilidade, mas ela será traduzida ao nosso coração quando nós quisermos, de fato, ouvir e estivermos prontos.
Por enquanto, vamos nos conectando com a doçura e a ternura e, acredite, tudo passa. Talvez sem darmos conta que esteja passando e será um dia, aquele dia, enquanto estivermos revendo uma verdadeira conversa com Deus.
Helyete Santos

sexta-feira, 8 de junho de 2012

A IDADE DO ÓDIO

A idade do ódio
A gente se lembra muito bem das raivas e dos ódios que permanecem grudados em nossa mente como limos em pedras esquecidas em cantos milenares que a natureza constrói, mas se quisermos mudá-las de lugar, são fortes e pesadas o bastante pra não se deixarem mexer por um milímetro sequer, pelo menos à nossa vista.
No entanto, invertam-se as posições e veremos pedras luminosas, revestidas de luzes em vários tons muito pequenos, mas de acordo com a quantidade são lindas de se ver. Quando criança, dizíamos que estávamos ricas quando achávamos uma e então, contávamos seus brilhos, mas desistíamos logo, porque eram tantos que nos cansavam e deixávamos pra depois.
As pedras são as pedras. Compõem-se e admitem mudanças com o tempo. Só fazem valer o visual diante de nossos olhos que admiram e colocam valores, muitas vezes caros demais por ser uma pedra. Podem até virar pó, se trituradas e espalhadas ao vento em distâncias imensas.
Mas cada pozinho fez parte da criação e hoje se modifica para se encaixar e compartilhar de outras criações e se ver transformado.
Se cada grãozinho pudesse contar suas histórias, teríamos páginas e páginas de mudanças sinceras que se perderam no tempo. Mudaram. E hoje não contam mais tristezas nem alegrias. Partem para um novo lugar, uma nova dimensão, transformados.
O ódio também pode se transformar, mesmo esquecido num canto qualquer, como uma pedra com limo sem significado, sem brilhos contados, sem idade pra contar seu tempo.
Quem estiver com ódio no coração, deixe-o transformar-se em pozinhos milimétricos sem asas para não pousar mais.
Helyete Santos

quinta-feira, 7 de junho de 2012

ONDE EU ESTAVA

Quando a gente se depara com a gente, não consegue decidir nem fazer nada, pois é tudo de repente. Sem projetos nem fantasias. Toda e qualquer energia parece inerte diante de nossos pés, assim como nossas mão tornam-se fracas até mesmo para tocar uma folha qualquer caída no chão.
Foi por isso que parei e ouvi. Consegui ouvir meu próprios passos e percebi que estava parada.Era silêncio à minha volta. O que acontecia não dava para saber.
Eu estava parada naquele lugar há muito tempo. Nada acontecia e meu corpo pedia para que algo mudasse. Nem as nuvens, com as quais eu sempre brinquei, mudavam de lugar. Não se espalhavam pelo céu, nem sombras se faziam pelo chão.
Ninguém poderia se aproximar de mim porque, de fato, eu não estava lá.
Eu via a vida apenas assistindo as cenas. Mas parece que as decisões não eram tomadas por mim, porque, afinal, ir a algum lugar como à sala, à casa da vovó, apenas andar por aí, não são decisões. É simplesmente continuar parada, estagnada por séculos. Viver sem novos projetos, nem risos de si, sem uma lágrima, sem um azul para visualizar, nem a famosa campainha pra tocar.
Até que se faça algo que nos convide a viver, é que passamos a decidir. Decidir estar com alguém para uma nova chamada de um novo dia e assim, me chamo e me convido como a nova parceira da vida para executar em atos verdadeiros tudo o que posso e consigo comigo.
A imensa energia do bem se propaga a todos os cantos e encanta a todos os ouvidos dispostos a me aceitar como um instrumento de paz em perfeita decisão e disposição para viver o que se chama de intensamente.
Helyete Santos

terça-feira, 5 de junho de 2012

DOR DE COTOVELO

Dizem estar com dor de cotovelo todos os que se encontam tristes e mal pagos durante certos momentos da vida. Acredito que vocês já sentiram esta dorzinha que incomoda e, por mais que se mude de posição continua, porque não é bem a posição física, mas aquela que não condiz com a forma que se queria existir diante do problema e não conduz a nada que poderia ser definido como solução.

Pessoas que se dirigem aos bares, sejam homens ou mulheres e passam muitas horas jogando conversa fora ou mesmo lamentando suas pretensas desilusões, sabem muito bem definir a dor da frustração provocada pelas tristezas, pela rebeldia do outro ou pelos conflitos amorosos que se sabe nas horas do outro e de si mesmo, porque quando se encontra o desencontroa gente se frustra e se concede a decepção. Aquela que dizem que só os humanos tem.

Haja cotovelos por todos os séculos debruçados em mesas, estejam elas nos bares ou mesmo dentro de casa. Até numa pizzaria, cercado de amigos diante do prato vazio.

Parece que, mudar literalmente de posição é o que leva à melhor solução. Se, há séculos esta posição não resolveu problema nenhum, levantar e caminhar para uma nova conduta será a possível resposta para o sofrimento. Pelo menos não se perdeu tempo, nem dinheiro. E, a propósito da lei seca , não correremos nem um risco sequer.

Amanhã será um novo dia, e as respostas serão como velhos cartazes ainda expostos no chão onde, à princípio, estaremos recolhidos e contorcidos, mas logonão os veremos, pois estaremos voltados para as novas estrelas no céu envolvendo, de certo, uma flor no nosso caminho.
Helyete Santos

segunda-feira, 28 de maio de 2012

SAUDADE X SAUDADES

                 
Está ficando cada vez mais difícil colocar a palavra saudade em meus textos. Não que eu não consiga a palavra, simplesmente, mas ela me retrata a outras tantas situações, que acabo me perdendo na primeira vez. Se me lembro de alguém querido, como meu pai, sinto saudade não só da sua presença, mas de seu carinho, os conselhos, sua postura diante da vida que deixaram tantos talentos em alerta.
Pegar a foto de uma viagem me traz, além do local, o cheiro das flores, o despertar daquele dia, as risadas que demos, a despedida prevendo a volta o mais rápido possível.
E quando tiro o casaco para tomar sol, antes que o frio me faça usá-lo mal cheiroso? Aparece a vitrine, o preço que não me deixou levá-lo, a espera ansiosa para a liquidação, a minha amiga que me acompanhou para que eu decidisse se seria melhor levar o preto ou o marrom e depois desembalar o grande pacote e guardá-lo no armário para o próximo inverno.
E tudo é saudade guardada com os máximos detalhes. São lindas saudades. E relembrar todos eles, sabendo que hoje, provavelmente, seria diferente. Afinal, não sou mais aquela daquele cenário. Modifiquei porque esbarrei em tantas lições, fiz pesquisas, andei e vi, chorei muito e hoje sorrio do que fui.
Uma saudade remonta a tantas outras saudades que se agrupam num rápido momento, seja ele suave, triste, alegre ou supostamente criado para complementar mais um dia.
A mente nos devolve toda a nossa vida em caixinhas que se abrem assim, de repente. São frascos mágicos, que exalam perfumes adocicados, capazes de devolver nossas alegrias, novas esperanças e sonhos. E a qualquer momento se repetem como novos presentes em feitio de grandes surpresas.
Helyete Santos

domingo, 27 de maio de 2012

APENAS UM TELEFONE

    
É só um aparelho comum, deixado de lado num canto da sala, sem grande importância, até porque a tecnologia deixou os celulares em primeiro lugar. Por isso, aparece meio tímido e passo por ele sem grandes saudações, já que o vejo velho e acabado. Não que não tenha me dado grandes notícias, mas as melhores espero agora, num momento confuso, tão pequeno e tão grande porque ele ainda toca e assim, meio confusa e desatenta, ele resolve soar como nos velhos tempos.
Só que já fazia muito tempo e, de repente, ouvi sua voz.
Meu corpo amortece. Fiquei meio extasiada, meio sonâmbula, meio. Parecia não estar ali.
A voz era... ele. Perguntava e eu respondia. Aos poucos fui me reportando ao momento que vivia e senti a distância de tanto tempo, presente. Era o que eu mais queria durante tantos minutos, contados segundo a segundo.
Passei, com muita dor e saudade em minhas palavras um choro honesto, deixando alegria, e muita alegria ao ter sido lembrada.
Mesmo sem grandes expectativas de poder voltar a abraçá-lo e acordar com seus beijos, volto a contemplar a tecnologia, ainda que antiga, num canto da sala, esperando tocar e a voz soar novamente em meus ouvidos. Apenas aquela voz, traduzindo o que vivemos, aprendemos e trocamos. Fizemos a nossa história um dia.
Helyete Santos

terça-feira, 22 de maio de 2012

TÁ TÁ TÁ

                   
Acredito que não há momento mais inadequado para fazer negociações do que aquele que sabemos que o outro não se encontra preparado para negociar. Só é o melhor quando sabemos a resposta que queremos.
Na hora de sair para o trabalho e, principalmente, quando já se está atrasado, a ira junta-se ao momento de nem saber qual o botão do elevador se quer apertar e fica pior então, quando a vizinha, aquela que, insuportavelmente, leva os três cachorrinhos para darem uma volta e rosnam em torno de nossas pernas, também estão no elevador. Que coincidência!
E aí, amorzinho, posso comprar o que eu pedi? Eu preciso, você sabe!
E lá vai o: tá, tá, tá.
Na realidade, esta não seria bem a resposta, assim como, ao estacionarmos na porta do colégio, bem do lado de fora da porta do nosso carro, quando o guarda já se dispõe a pegar o caderninho para anotar a placa e o garoto avisa: vou voltar com os meus amigos e vamos ao shopping.
Qual seria a resposta mais indicada para ele? Tá, tá, tá!
Parece, então, que o que acontece não é a série de “tás” mas o processo que nos fez aceitar a decisão de concordar. É assim que manipulamos outros processos para que as respostas se tornem adequadas para o que queremos que seja favorável a nós.
Bem, a resposta com os “ tás” é o que mais nos deixa felizes pelo sucesso alcançado, o que vem depois do cartão, as compras, ou o passeio no shopping... deverá conter outros tantos, e muitos questionários para a próxima conversa em família. E haja respostas! Pelo menos, tempo, haverá!
Helyete Santos

terça-feira, 15 de maio de 2012

ATESTADO DE CULPA

Atestado de Culpa
Estamos na era do falatório, onde muitos falam muito, mas nem todos conseguem dizer o que é preciso ser dito e no momento certo.
É tão real esta proposta que nos sentimos amigos de tantas pessoas e fazemos companhia a elas, mas ao mesmo tempo sabemos que, ao lado delas, só dizemos o que elas querem ouvir e este é um padrão fácil de se estabelecer como amizade.
No entanto, difícil é ser amigo todas as horas e dizer a verdade e sempre a verdade. Ainda mais: dizer com confiança no que se pode e deve dizer.
Dá trabalho porque envolve a sensibilidade e a astúcia para que nada magoe seu parceiro e para que ele se sinta confiante em tê-lo como amigo e lhe retribua com sinceridade toda a oferta prestada.
Tudo o que se quer dizer tem um tempo marcado com uma validade não processada, sem códigos, nem referências. Simplesmente precisa ser dito. E antes que o outro se vá. E como dizia meu primo (Mauro Ballarine) as ações falam por si.
Atestar a própria culpa não é o suficiente. E todos sabem disso. O benefício da sinceridade traz a paz envolvida em razões que nos deixam felizes por termos, de alguma forma, feito o que deveríamos fazer.
Helyete Santos

sábado, 12 de maio de 2012

MÃES ENTRE ERROS E ACERTOS

                          
Como mãe, entre todas as mães, fico comovida pela presença de todas as que abençoam seus filhos em preces profundas; as que desejam a conquista da paz como glória divina alcançada desde a concepção estendendo-se para sempre; as que respeitam os limites de cada um, sabendo que eles fazem o máximo do bem e para o bem; as que choram pela ausência, pela partida, pelos erros, pelas vitórias.
Não importa como posso me enquadrar. Que mãe sou eu? Só sou!
Ser mãe me traz a alegria de ter sido aplaudida pelo Universo.
E, entre esses aplausos que ecoam para todas nós, sejam aplaudidas também todas as mulheres que quiseram ser mãe um dia e não puderam,não importa o motivo, e aquelas que desejam ser.
Nossa missão é não desistir e fazer valer a pena a oportunidade mais bela: a vida.
Helyete Santos

quarta-feira, 9 de maio de 2012

MULHERES QUE SE DESCOBREM

Mulheres que se descobrem
Algumas mulheres passeavam num shopping de Minas procurando se distrair. E que distração! Mulheres num shopping! Nada melhor: compras! Enquanto uma companheira entrava numa e noutra loja, comparava os preços, os modelos novos, a outra só observava como esta amiga se comportava: eram sorrisos e frases alegres e, mesmo assim, não comprava nada.
Com o passar dos dias, descobriu que as atitudes de sua companheira eram, definitivamente, as mesmas. Transpirava alegria.
Em meio às comparações, via-se como uma mulher idosa no sentido mais pleno da palavra. Tinha olhos somente para a família e não estava conseguindo ver um vestido novo há muito tempo. Aliás, o último foi comprado para o batizado de sua neta.
E por que razão as coisas se tornaram assim? Mulheres que se escondem, um dia descobrem e se descobrem como as temerosas da vida. Aquelas que deixaram de lado o prazer que só a alegria interior é capaz de proporcionar seja ele qual for. E voltam com a força de uma supermulher para reconquistar o que talvez um dia perderam por aí ou jogaram fora.
Olhou-se no espelho e resolveu tirar a máscara que usava. Sorriu e riu. Gargalhou de si e viu aquela que estava escondida. Chamou a companheira feliz e voltaram ao shopping para tomar um café. Daí, concluam o que se pode concluir...
Helyete Santos

quinta-feira, 26 de abril de 2012

A VITRINA DOS HOMENS



Desde que ter carro tornou-se status para a sociedade, passamos a querer os carros e a tê-los como referência aliados aos sentimentos.
Antigamente, aos sábados, na rua Augusta, as paqueras corriam soltas e eram divertidas. Os rapazes faziam pinta de galãs dentro de suas possantes máquinas conquistadas com muito trabalho ( pelo menos a maioria deles) e, quando saiam de seus potentes carrões, quase sempre não eram o que pareciam ser dentro deles. A dúvida e a ansiedade também percorriam aqueles encontros. Dois desencontrados que poderiam se esbarrar por lá e serem felizes para sempre.
Não adianta. O tempo passou mas as propagandas focam cenas onde as mulheres querem saber o que um possível namorado faz, aliado ao carro que tem. E aí já dá para prever um futuro marido, mesmo sem conhecê-lo.
Tudo acaba girando em torno de uma bagunça sentimental que abriga as chamadas finanças. E digam que isso não acontece com você, eu acredito, mas acontece com muitas de nós. Então, o homem só tem valor se chegar com aquele “automóvel” apontado nas revistas como o top de linha.
Já está na hora de acabarmos com esta visão tão desmedida a nosso respeito, uma vez que não precisamos ser interesseiras uma vez que lutamos tanto para chegarmos às nossas conquistas. E chegamos.
É necessário dizer que os homens não precisam de vitrinas. São seres de todo respeito e não podem mais serem vistos somente como provedores e sim, por inteiro: inteligência e capacidade; esforço e competência; sensibilidade e equilíbrio.
E, a todos que andam pelas ruas à pé, de metrô, de ônibus, de moto, podem também conquistar seus sonhos sem precisarem mostrar o que tem para agradar a quem quer que seja. A dignidade se faz com as conquistas do bem pelo bem. É a vez da integridade.


Helyete Santos

sábado, 21 de abril de 2012

A PERMANÊNCIA DO AMOR

Encontrei um dia desses um professor de metafísica e discutíamos sobre o amor que vive e o que morre. Aquele que dizem desabar, que nunca mais vai existir. Será? Mas não só dizem, eu também estava passando por esta fase e me fazia muitas indagações.
Uma grande parte das pessoas acha que, quando se rompe um relacionamento, o amor termina também. É como se dentro de nós não ficasse mais nada. A não ser um vazio. Uma cratera de rua que todos evitam passar por perto e se enojam do visual: feio, sem razão de lá estar, só incomodando aos passantes. Assim, alguns de nós fogem de dizer alguma coisa, mesmo narrar uma pequena lembrança.
O amor acabou. Nada mais me interessa, nem ninguém. Fico com a imagem de que estou só com tudo o que me basta. E este basta se encerra comigo.
Se deixarmos aflorar um pouco desse basta, veremos que o sentimento não acabou como pensamos. Ele continua existindo como tudo que existe, como a roseira sem rosas, mas bastando por si no momento em que volta a florescer. É só deixar que a vida deixe se envolver pela própria vida e tudo irá acontecer.
Será como a luz de um novo dia, mesmo com o sol escondido por detrás das nuvens.
Resolvi, então, falar comigo num diálogo sincero, sem demagogias, de verdade. Senti que havia algo dentro de mim que gritava bem forte e que me fazia sentir que de fato o amor não havia me deixado. Só eu é que não conseguia identificá-lo, e me punia, me agredia.
Tudo o que está conosco continua como dádiva dos céus. Só modificamos as vitrines. Outros encontros virão, se deixarmos, é claro, mas o amor que tenho será o meu amor. Aquele que saberá identificar um novo amante e acrescentará novos aprendizados.
Portanto, é bom ouvir aqueles que têm muito a dizer e que sabem te ouvir.

terça-feira, 17 de abril de 2012

FRACASSO E SILÊNCIO

Os relacionamentos que estão à espera de que algo aconteça parece que se envolvem sempre no silêncio, como se falar antecipasse o desfecho. Assim como ouvir músicas de amor trouxessem a angústia do que não se sabe que está errado, mas está.
O medo de dizer algo que não deveria ser dito deixa expandir o desespero da expectativa. Parece que, se o outro disser ficará mais fácil, trará um outro recurso bem mais acessível para a inadequação da minha postura. É tudo aquilo que não sei dizer, nem soube demonstrar.
Diante do papel escolhido, prefiro não preferir, porque aí terei que tomar uma postura e um dia outros poderão saber e me dirão que eu errei, que não deveria ter agido assim e é melhor ficar tudo do jeito que está. As vozes que falam baixinho chegam a todos os ouvidos e é como se eles decretassem a prisão de mim, dentro de mim.
O medo da mudança me traz uma enorme inutilidade perante a vida. Sinto que o fracasso tomou um pedaço do meu ser, da minha vida. É como se não tivesse mais inteligência e o sucesso tivesse fugido entre meus dedos. Escapado a minha vitória.
Deixar como está fica um pouco mais fácil. Deixar para amanhã me traz a expectativa de uma mudança que sei que não vai acontecer, mas também a decisão não será minha.
Espero a força do outro aqui no meu canto, com a minha inutilidade, sentindo bem mais o meu fracasso, presa ao meu silêncio.
Helyete Santos

segunda-feira, 16 de abril de 2012

NOVOS LINDOS SORRISOS

Há algum tempo atrás eu não acreditava que as pessoas pudessem se identificar assim, de tão longe.
É, eu estava errada. Vejo que a tecnologia veio para ajudar os homens solitários. Para adverti-los que, mesmo de tão longe, podem se encontrar, dizer dos seus objetivos, das suas dúvidas, das suas riquezas essenciais.
Muitos sorrisos agora se estampam nos rostos e fazem deles o palco da esperança, da solicitude. A voz modifica, se caracteriza com a alegria. Até as gargalhadas não ouvidas há tempos, agora são constantes. As novidades de simples beijos enviados pelo Skipe, ou digitados pelas madrugadas do outro lado do mundo são contados com euforia.
Novas conquistas que não tinham esse objetivo se transformaram pelas almas carinhosas que se encontram, dão as mãos e dizem que, em breve, cobrirão seus corpos de beijos sentidos pelos arrepios, pela conquista e entrega em agradecimento ao Plano Maior de ter concedido o encontro que estava marcado.
O medo do desconhecido será o novo descobrimento que o mundo precisa se identificar. Disseram grandes filósofos, cientistas, poetas, que o homem precisa, antes de mais nada, se descobrir e dar a si mesmo a oportunidade da vida. Acredite: o espaço não serve de barreira. E está provado.
Helyete Santos

sábado, 31 de março de 2012

QUESTIONAMENTOS

Muitas e muitas vezes perguntamos para nós, como se fôssemos o outro, aquele que poderia nos dar grandes respostas, o que estaria acontecendo comigo.
Parece que num instante qualquer não nos reconhecemos e passamos a nos sentir desconhecidos de nós mesmos.
Como fomos capazes de tal reação se nunca admitimos no outro e, de repente, fazemos igual?
Assim como isto acontece individualmente, um dia perguntamos ao outro, aquele que está comigo há tanto tempo:” O que está acontecendo com a gente?” Parecemosestranhos um ao outro. Não mais digo o que ele gostaria de ouvir e não mais ouço o que ontem ele me dizia com as entonações que só eu compreendia.
É. Eu compreendia seus passos, seus abraços pesados sobre meus ombros, suas rugas enfeitiçando seu sorriso, sua respiração na noite de amor naufragada nos desejos que só nós sabíamos corresponder.
Alguma coisa mudou. Bem, a resposta eu já tenho. Só não sei o que mudou.
A gente acha a resposta facilmente, colocando no outro a ação que não poderia ter mudado, mas esquece que, nesta situação, mudamos também. É próprio do ser humano a transformação, mas aconteceu e eu não percebi. Ou não tive a coragem de perceber.
O que aconteceu com a gente deve fazer parte da humildade de se observar e aceitar o que acontece com a gente hoje. E vai continuar acontecendo. Serão temas para a nossa história. E, se quisermos, a gente fica acontecendo.
Helyete Santos

quarta-feira, 28 de março de 2012

CENAS QUE SE REPETEM

Nem sempre as aparências enganam. Afinal, seria muito teatro fazer as cenas exaladas de tanto carinho para um público que não via, nem aplaudia os atores.


O fundo eram bancos de um consultório médico, onde um casal de idade bem avançada aguardava sua vez para o atendimento.


Ele, um homem bem vestido, apoiava-se numa bengala e ela simples, numa saia e blusa quase coordenadas. Comparavam suas receitas e não se davam conta de que eu os observava.


Num certo momento ela começou a acariciar a manga da camisa dele, com tanto carinho, que me comoveu. Era como se ela quisesse passar as mãos em todo o seu corpo, mas como não era possível, só aquele espaço já lhe era suficiente. Suas mãos corriam presas ao espaço pequeno e seus olhos mergulhavam amor e esperança.


Logo ele foi chamado e ela também, mas para salas diferentes. Minutos depois retornaram, conferiram suas receitas, entreolhando-se com carinho e deram-se as mãos. Não é preciso dizer que partiram de mãos dadas, a passos pequenos, ignorando toda a plateia.


Tive vontade de aplaudi-los. Mostraram que a vida deles só interessa, de fato, a eles. Sem bandeiras, sem alardes de conquistas, nem brasões de importância.


É fato que devem ter tido muitas dores e infortúnios, muitos amores e grandes dissabores, muitas cenas de sonhos maravilhosos e choros de arrependimento. Mas o importante é que continuam as cenas de amor.




Helyete Santos