Quando se chora baixinho, quase sem voz para que nenhum ouvido possa
ouvir, nem o da gente mesmo, é preciso ouvir o que alguém diz para nos dar força para agir e
reagir diante da dor de saber e entender que acabou. E, mais do que tudo, aceitar.
É desviado o curso de uma cascata que seca aos olhos de todos os que a
veem do lado de cá, mas do lado de lá, foi construída uma barreira capaz de
desviar seu curso.
Toda aquela magia da força deixa o cenário vazio. Não há mais visual
nem sons. Simplesmente, acabou, mas a água continua, assim como o amor dentro
da gente.
É assim que os relacionamentos, por estes ou tantos outros motivos
terminam. Não há como explicar para uns e, para outros tem, sim, muitos
motivos, mas nem por isso voltam a ser como eram antes, se um dia voltarem.
É como a cascata: até pode voltar, mas seu caminho se modificou.
Houveram mudanças que hoje não bastarão para se envolverem com a vida presente.
Os relacionamentos que perdem seu curso, causam dores e arremessam
tristezas que machucam e ferem. Gostaríamos de recomeçar e refazer tantas
atitudes do passado, mas agora só servirão de experiências para outras futuras,
se houverem. Ou serão grandes lembranças de tempos vividos com exuberância e
glória. Podem não voltar mais, eu sei, mas foram vividos. E se foram
intensamente vividos, ainda bem. Fizemos o que pudemos e, pelo menos hoje,
temos mais uma história para contar e para lembrar sempre.
HELYETE SANTOS