Medos que não se admitem, um dia podem se tornar realidade. É como uma barreira de pedra, construída à nossa frente, enorme, robusta, mas invisível aos nossos olhos, mesmo que alguém nos toque com força, nos chame aos gritos, nos fale com ternura, nos abrace e envolva com muito carinho, aquele que só os grandes parceiros da Vida sabem oferecer. E lá estão eles.
E a coragem onde fica?
Parece que nunca existiu dentro de nós. E fugimos com outros pensamentos para nos identificar, como se não precisássemos, nem por um segundo, estar lá. Mas, por mais perfeita que essa fuga se realize, de vez em quando mostra seu retrato e queremos estar cegos; abre-se em gritos e tampamos nossos ouvidos, como se nunca tivéssemos escutado o canto de um pássaro na janela ao amanhecer. Perdemos todos os nossos sentidos na continuada fuga do nosso medo.
Viver assim, mesmo que seja por poucas horas, desgasta a fonte da Vida. Então, erguemos nossos olhos e nos rendemos ao Universo, solicitando uma força maior que nos embale e ilumine este canto escuro.
É assim que a luz, de repente, vai nos assustar, ainda mais que a própria escuridão. Mas aos poucos, vai nos revelar o cenário. E a coragem encontrará o medo e sairá com ele, de mãos dadas, para oferecer seus préstimos e fazer dele uma nova conquista.
Helyete Santos