Ao lado de uma cena catastrófica, como um pé no devido traseiro, a mulher sabe mostrar sua fortaleza e dizer às outras que não foi tão sofrido assim. Até sorrir para ele, parecendo que a dor não foi até ela. Parou no meio do jardim, recebeu água fresca e estará disposta ao mestre Sol para mais um dia.
Parece uma dádiva dos céus. A mulher pode não demonstrar seus sofrimentos, nem grandes alegrias, e não fazer muito alarde do sucesso de sua última cirurgia plástica, ou posse do novo cargo como conquista tão sofrida. Disfarça.
Ora, disfarçar não é montar máscaras, que somem com você.
É apenas ocultar o que você acredita que não precisa ser demonstrado. E, muitas vezes, nos salva de situações catastróficas. Podem imaginar quais! E quantas! Extremos causam dor. Disfarçar todas as nossas emoções traria surpresas muito desagradáveis, uma vez que a insatisfação, o mérito, a boa vontade, os dias de chuva, a temperatura baixa, a comida salgada demais, fazem parte do nosso contexto, da nossa vida. É como se deixássemos tudo pra trás somente para assistirmos um filme que se diz interessante. Mas não interessa a ninguém, somente aos protagonistas.
Temos que rever, então, o que mostramos até de formas alteradas e o que escondemos e massacramos para chorar atrás da toalha de banho.
Vale ainda que, disfarçar o esforço para o contentamento do parceiro, uma vez cansada e triste, vale. Vale para passar e repassar o amor que se pode ter por alguém, quando esse alguém ainda está por aí. Vale. E muito.
Helyete Santos
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