quinta-feira, 5 de julho de 2012

PERDIDOS COMO ESCOLHA


Quando se perde um batom na bolsa pode ser desconfortante, se não houver uma amiga por perto e tivermos que nos apresentar numa reunião, caso contrário, encontraremos outro e o substituiremos. É fácil. A não ser que queiramos fazer um estardalhaço por uma perda tão insignificante.
Perder talvez seja o resultado de uma escolha não tão feliz, mas teimosa como um anel de marcassita e madrepérola que perdi não sei onde, mas sei que não deveria tê-lo usado, já que estava largo no meu dedo. Toda vez que abro a caixinha onde era guardado sinto sua falta. Ficava lindo no meu dedo,mas outros também ficam.
Perdido ainda fica o almoço com minha amiga porque tinha uma reunião longe do local marcado e na mesma hora; perdi também o beijo que meu filho queria me dar quando a porta do elevador fechou e tive medo que ele se machucasse e eu prendesse minha mão; perdido ficou o sol de um lindo domingo porque resolvi acordar tarde demais.
Ficou tanta coisa perdida na vida que agora só preciso é fazer tantas outras coisas que me bastem dedicação e alegria para que a vida continue e eu não precise mais ficar lembrando o que foi que eu perdi, nem medindo o tamanho das perdas que, na realidade, só escorregaram entre meus dedos porque deixei ou porque assim deveria ser.
Helyete Santos

Nenhum comentário:

Postar um comentário