domingo, 27 de maio de 2012

APENAS UM TELEFONE

    
É só um aparelho comum, deixado de lado num canto da sala, sem grande importância, até porque a tecnologia deixou os celulares em primeiro lugar. Por isso, aparece meio tímido e passo por ele sem grandes saudações, já que o vejo velho e acabado. Não que não tenha me dado grandes notícias, mas as melhores espero agora, num momento confuso, tão pequeno e tão grande porque ele ainda toca e assim, meio confusa e desatenta, ele resolve soar como nos velhos tempos.
Só que já fazia muito tempo e, de repente, ouvi sua voz.
Meu corpo amortece. Fiquei meio extasiada, meio sonâmbula, meio. Parecia não estar ali.
A voz era... ele. Perguntava e eu respondia. Aos poucos fui me reportando ao momento que vivia e senti a distância de tanto tempo, presente. Era o que eu mais queria durante tantos minutos, contados segundo a segundo.
Passei, com muita dor e saudade em minhas palavras um choro honesto, deixando alegria, e muita alegria ao ter sido lembrada.
Mesmo sem grandes expectativas de poder voltar a abraçá-lo e acordar com seus beijos, volto a contemplar a tecnologia, ainda que antiga, num canto da sala, esperando tocar e a voz soar novamente em meus ouvidos. Apenas aquela voz, traduzindo o que vivemos, aprendemos e trocamos. Fizemos a nossa história um dia.
Helyete Santos

Nenhum comentário:

Postar um comentário