sábado, 23 de junho de 2012

ESPAÇOS REPLETOS

Parece que a ganancia não se envolve com remorsos. Conquista-se algo que muito se quer, mas no grande momento que se encontra em nossas mãos o referido objeto, que pode ser desde um sapato para a festa até um fogão novo, ou a pessoa com a marca mais desejada do pedaço e do momento, assume-se a hipótese de que só isso não é bem o que se queria, é um pouco e nada mais.
A gente percebe que não recebeu aquilo que precisava, que seria o fundamental, mas apenas o que se quer, que não basta em nenhum momento para nos agradar, ou complementar o nosso espaço desunido e quadrado, com cantos em ângulos disformes, sem chão nem paredes. E aí percebemos que nunca demos o que tínhamos. É como uma despensa atulhada de coisas vazias em espaços repletos e intermináveis .
Está tudo envelhecido porque nada saiu de lá. Nada foi reciclado, não se transformou. Cheira mal. Nada foi doado de coração aberto. Está apenas, nada mais.
A Vida nos dá tudo o que precisamos e precisamos doar tudo o que temos. O que pareceria entulho, que atravanca e enche, será transformado numa fábrica de talentos diversos e lindos, aqueles que não sabíamos, mas estavam encobertos bem dentro de nós, bem à nossa frente, bem. E só.


HELYETE SANTOS
helyetesantos@hotmail.com

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