sexta-feira, 8 de junho de 2012

A IDADE DO ÓDIO

A idade do ódio
A gente se lembra muito bem das raivas e dos ódios que permanecem grudados em nossa mente como limos em pedras esquecidas em cantos milenares que a natureza constrói, mas se quisermos mudá-las de lugar, são fortes e pesadas o bastante pra não se deixarem mexer por um milímetro sequer, pelo menos à nossa vista.
No entanto, invertam-se as posições e veremos pedras luminosas, revestidas de luzes em vários tons muito pequenos, mas de acordo com a quantidade são lindas de se ver. Quando criança, dizíamos que estávamos ricas quando achávamos uma e então, contávamos seus brilhos, mas desistíamos logo, porque eram tantos que nos cansavam e deixávamos pra depois.
As pedras são as pedras. Compõem-se e admitem mudanças com o tempo. Só fazem valer o visual diante de nossos olhos que admiram e colocam valores, muitas vezes caros demais por ser uma pedra. Podem até virar pó, se trituradas e espalhadas ao vento em distâncias imensas.
Mas cada pozinho fez parte da criação e hoje se modifica para se encaixar e compartilhar de outras criações e se ver transformado.
Se cada grãozinho pudesse contar suas histórias, teríamos páginas e páginas de mudanças sinceras que se perderam no tempo. Mudaram. E hoje não contam mais tristezas nem alegrias. Partem para um novo lugar, uma nova dimensão, transformados.
O ódio também pode se transformar, mesmo esquecido num canto qualquer, como uma pedra com limo sem significado, sem brilhos contados, sem idade pra contar seu tempo.
Quem estiver com ódio no coração, deixe-o transformar-se em pozinhos milimétricos sem asas para não pousar mais.
Helyete Santos

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