quarta-feira, 23 de novembro de 2011

MULHER EM POTENCIAL

                

Mulher em potencial


Quando eu passeava pelas ruas, olhava os casais que também caminhavam e só via estampado em seus rostos a tal da felicidade.
Eles eram mais alegres e tinham conquistas que eu sabia que nunca poderia alcançar.
Os jovens sorriam e, muitas vezes, gargalhavam bem alto mostrando suas pequenas conquistas em forma de tesouros para que todos soubessem
que nos quartos abafados e nas vielas mal cheirosas todos podem sorrir.
Como compartilhar as esperanças de um dia melhor se não se tem com quem falar ou olhar?
É essa a amargura da separação.
A procura parece infindável. Uma procura que ninguém sabe do que, nem de que, nem de quem. É só o vazio que corrói dentro da gente e tritura todas
as amarguras. Amassa e amarrota todas as alegrias.
No entanto, o tempo revela por inteiro aquilo que temos de bom e que, até então não conhecíamos: o nosso potencial.
Num dia qualquer, nos deparamos com a janela do quarto e vemos uma nesga de luz penetrando. Parece que ela nos diz que,ao mesmo tempo que a
enxergamos entendemos o que podemos fazer com ela.
Tudo passa a conter luz, por pouca quantidade que seja.
Sinto que já posso tocar nos objetos que ele deixou, que faziam parte da saudade. Como se estivessem lacrados pela dor do ontem.
Hoje tenho forcas que vieram não sei de onde, mas que possuo e posso até distribuir a quem de mim se achegar.Até ele, quem sabe.
Na solidão tenho a energia de estar só, mas sem sofrimento. E de transformar meu momento em frascos repletos de vida.
Vida que está aqui, dentro de mim. Nunca deixou de estar. Só havia esquecido como ela é linda.

Helyete Santos

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