sexta-feira, 18 de novembro de 2011

MARCAS E FERIDAS

MARCAS E FERIDAS

Quando olho no quintal que me cerca, o que me cerca, vejo as mais lindas flores. Mas num súbito momento elas estão caídas pelo chão e, logo após , o vento sopra e, nem mais me lembro das cores que mostravam. O tempo e' assim: frenético. E, `as vezes, parece que sou como ele, tão exasperada que nem me dou conta de quem sou.
E vejo as marcas das pétalas daquelas flores no chão, mais uma vez marcando os espaços por onde se colocavam.
Marcas. Assim são todos os momentos. São sinais que refletem exatamente a mesma curva da esquina que passei sozinha, que corri, que não sabia pra onde ir.
Foram elas, as marcas, que eu permiti que se expusessem sobre a minha pele, que revelaram o que eu não queria deixar que ninguém visse.
Estas marcas só existem no meu corpo doentio pra revelar que alguma coisa dentro de mim também esta doente.
E esta doença se transforma em feridas que doem e não são queridas pelos olhares. Sejam os meus ou os mais distantes e diferentes.
Esses são os sinais que mais arremessamos ao espelho.
E,para deixar que seus reflexos caiam sobre nos, deixamos também de vê-los.E' uma forma comum, barata de fugir do infortúnio.
E' bom,muito bom, passar para outros quintais. Só' assim podemos transformar as marcas que nos importunam em mais um lindo momento.Vê-las e aceita'-las como parte integrante de nossos desafios.
Aí começa a vontade de querer que algo muito novo e completamente diferente faca parte de nós.
Essas marcas são as medidas de nossas venturas, com desventuras e aprecos de vida.
O que já marcou devera' ser a paisagem com lindas borboletas, céus azuis, novos pares de sapatos pisando um lindo palco e sentindo as luzes de um novo tempo.
Deixar os espaços para novos testemunhos será a marca da chamada alegria. Isso se chama também: começar a viver e sobreviver.


Helyete Santos

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